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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

II

Nunca pensei que diria isso
mas eu cansei
Cansei desses muros me cercando
dessa roupa, dessas pessoas
desses sorrisos, dessa falsa alegria.

Saturei de pensar, de aguentar
e de concordar.
Olha, não pense que foi da
noite pro dia, pelo contrário
recusei aceitar esse sentimento
até lutei contra ele, tarde demais.

Não foi sua ausência
eu a compreendia
Não foi a opinião dos outros
eu tentei mudá-las.

Mas você me atrapalhou
você se bagunçou, você
se perdeu no meio de tanta gente.

Você ainda se lembra de
como eu sou?
Porque não lembro o que
gostava em você.

terça-feira, 20 de novembro de 2012


uns poucos versos

Eu desenhei um mundo para você
Doce como seu lábios
Severo como seu olhar.
Não sei porque ou
para que
me apaixonei por você.
Vai ver foi por curiosidade
ou coisa da idade.
Vai ver foi por seus mistérios
que me tirou do tédio.
Vai ver foi para ter alguém 
para conversar enquanto 
não começa o jogo de novo.

Eu escrevi um poema para você
Sincero como meu sentimento
inocente e sem talento.
Porém só queria te falar
que nada vai mudar.
Você é muito marrento
e eu só queria uma companhia
para um evento.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

I



ando, paro, penso
agora,
o que falta?
tempo.

tudo vai se enchendo
esgotando
cade o 
tempo?

oh, vida megera
querendo
olho e já era
tempo!

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Camarada

Corra. Fuja. Só pare quando estiver segura. Isso é o que minha intuição dizia. Entretanto meu corpo não correspondia. Coração disparado, assustada, estava sendo perseguida mas por quem? Olho para atrás: nada de estranho. As pessoas seguindo o seu rumo, procurando o trem/ metrô que as levariam ao seu destino. Decidindo o que fazer, viro a cabeça para frente e dou de cara com o homem mais horrendo que posso lembrar de ter visto. Com um sorriso frouxo, faltando dentes, olhos vermelhos, barba para fazer, cabelo embaraçado, imundo e exalando um fedor indescritível.
- Oi princesa, tá perdida? Eu posso te ajudar, mas é claro que você terá que pagar. Sabe, você é uma delícinha.
Ele sussurrou próximo ao meu ouvido, passando suas mãos asquerosas no meu cabelo e se aproximando cada vez mais. Eu estava em choque, tremendo de medo e com os olhos lagrimejando quando escuto gritos atrás de mim.
- Ali, ali! É ela!
 Ela era eu. Os meus perseguidores tinham me encontrado. Tomada pela adrenalina, meu corpo desperta. Desesperada empurro o homem da minha frente e saio correndo em direção rua. Ao sair da estação meu pulmão se enche de ar, meus olhos cegam com a claridade. Tenho apenas uma fração de segundo para escolher que lado ir. Corro o mais rápido que posso mas meus sapatos parecem ser feito de chumbo, sem fôlego, sinto os meus perseguidores se aproximarem. O que vai ser de mim? Eu vou ser pega. Quando vejo ao longe um carro da polícia e um pouco de esperança revive em mim. Pouco mais de quinhentos metros me separam dos policiais. Repito para mim, só mais um pouco e estarei segura com a lei. Quatrocentos, trezentos. Mais um pouco. Duzentos. Cento e cinquenta...sinto uma mão puxar meu cabelo. E com o resto de força que tenho grito por ajuda. Medo, fome, cansaço. A última coisa que lembro é de bater a cabeça no chão ao lado de um coturno e desmaiar.
Acordo com gritos. Estou em uma sala fechada, sem janelas, fria. Minhas mãos estão amarradas, visto apenas as minhas roupas de baixo. Tenho dificuldade de enxergar, meus olhos estão inchados mas reconheço sem demoras o dono dos gritos. Meu irmão mais novo.
- NÃÃO! PAAARA! O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO? ELE É SÓ UMA CRIANÇA!
As lágrimas pulam descontroladamente dos meus olhos. E uma voz fria responde.
- Ora, ora, ora. Veja! A donzela, ou melhor, a camarada resolveu acordar. Estava com saudade de você, querida.
Aquela voz e aquela risada de novo. Eu me lembro tão bem daquela sala. Sala em que vi meu marido ser torturado e assassinado. Sala em que fui utilizada como tortura. Abusada, surrada, eletrificada. E ali estava meu irmão, jogado no chão, mole, molhado, tão sem vida.
- Pensei que você sossegaria desde o nosso último encontro. Achei que tinha sido bem claro com você. Mas ao que tudo indica, você gostou da nossa recepção. Não sei se você viu mas eu trouxe uma companhia para você, camarada.
- SOLTE ELE! É A MIM QUE VOCÊ QUER!
-  Poxa camarada, pensei que ficaria contente com o meu presente...acho que não, né?! Atenderei o seu pedido. GUARDAS!  Levem-o daqui.
Vejo meu irmão ser puxado para fora como um animal, sem importância. Começo a soluçar. Tento me acalmar. Sei que o pior ainda está por vim. Talvez meu irmão fique bem, por hora, ele está salvo.
O que acontece agora é tudo muito confuso e os detalhes foram perdidos. Sou puxada pelo cabelo até um tanque de água. Sou afogada algumas vezes, perguntam coisas que não sei a resposta. Ganho socos, ponta-pés, alguns choques. Mais perguntas mas eu não posso responder. Mais socos, alguns tufos de cabelo são arrancados. Prendem-me em uma caixa que me parece mais uma geladeira na qual quase fiquei surda. Repetem as mesmas perguntas; ganham meu silêncio em troca. Mais água.
Cansados me levam de volta para a minha cela. Não consigo dormir, nem comer. As dores me lembram a cada segundo tudo o que passei. As memórias trazem os gritos do meu irmão- onde ele está agora?- e as imagens do meu marido morto. Na manhã seguinte sou levada de volta a sala de interrogatório. Mal consigo andar, pensar, falar.
-Camarada, corra pelo tapete, AGORA! 
Balanço a cabeça tentando dizer que não consigo. Porém os soldados me empurram até lá. Quando toco o tapete minha pele começa a queimar. Grito inutilmente. Caio de joelhos e começo a me contorcer. Sinto-me em fogo.
- Calma, calma! Foi só um sonho, está tudo bem! Você está segura.
Em dúvida se posso confiar naquela nova voz, abro meus olhos. Nada dói. Estou em um quarto todo branco. A janela está aberta mas o sol me causa arrepios. Sim, eu estou bem, mas tenho que sair daqui antes que eles voltem.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Apenas tu

Roubar-te e decifrar-te eu quero
Tanta melancolia e mistérios tens no olhar.
Tua doce voz corta o ar em um suave berro
Tão silencioso que a mim só cabe imaginar.

Que segredos tu escondes
Conte a teu humilde visconde
Este que enfrenta toda a nobreza
Só para ter a oportunidade de te ver,
                                      camponesa.

Este que por entre as árvores, na paisagem
Transforma seu amor em amizade.
Que ri feito bobo diante do teu sorriso torto.

Tens o poder de ser a única no meu mundo.
Tão delicada e meiga no meio da pobreza.
Detém tanta esperteza que só tua presença
Torna-me teu escravo: cego, surdo e mudo.

E meu coração ficou devastado.
Quero observar-te sem me sentir culpado.
Vamos nos aventurar, que tal casar?

Por: Green 

terça-feira, 22 de maio de 2012

Ser




Hoje acordei para ser escritora
ou quem sabe professora,
me contentaria como vendedora.
Poderia ser física ou geóloga
talvez psicóloga ou socióloga.
Ontem sonhei ser uma artista
mesmo com a crítica de jornalista.
Atriz, atleta...terminei como arquiteta.
Amanhã serei uma administradora
quem sabe uma diretora cantora!?
Engenheira ou cabeleireira?
Para, não é bobeira!
Eu como estilista mandaria
as modelos à nutricionista.
De veterinária até secretária
qual a minha estrada?
Será que é ser advogada?
Eu e minha ética, política ou médica?
A vida me quer como jogadora
mas eu, ah, eu sou apenas
uma sonhadora!

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Oi Lucca,


como você está? Sei que faz tempo desde a última carta, a qual jurei que não te escreveria mais. Mas é que estava deitada na minha cama, escutando música, pensando e começou a chover. Lembrei de você e, sem querer, chorei. Não de tristeza, de saudade! Como foi bom o tempo que passamos juntos, não? A mais estranha amizade.
Você se lembra de quando nos conhecemos? Não?! Nem eu. Você, o sobrinho da namorada do meu tio, fomos criados como primos. E as nossas brigas? Eu sempre estava certa e você me contrariando (não mudei nada). Agora me fala, quem brincaria de futebol com você sem eu? Ou quem aceitaria brincar de boneca comigo sem você? Formávamos uma boa dupla, hein? Tão bobos, tão inocentes.
Aí, nos crescemos. Ficamos mais próximos, ou melhor, inseparáveis. Lembra da primeira vez que fomos ao cinema sozinhos? Depois do filme, começou a chover, como hoje, invés de esperar o ônibus resolvemos brincar na chuva, Uma moça e um rapaz correndo na chuva feito criancinhas. Sempre gostei de brincar de pega-pega, você era tão lerdo. Quando você conseguiu me alcançar, já estávamos encharcados, pingava água das nossa roupas e dos nossos cabelos. Lembro como se fosse ontem. Eu rindo e você sério, me olhando intensamente. Se aproximou devagar, tirou aquela mecha de cabelo que sempre caía nos meus olhos e me abraçando, seus lábios tocaram os meus. Claro que na hora eu não percebi mas agora percebo que foi a melhor sensação do mundo. Foi como em um filme, como se todos tivessem parado só para nos observar. Ainda acho graça da nossa reação, ficamos nos olhando meio assustados, como se tivéssemos feito algo errado,  aquela sensação estranha. Um mês sem conversar foi o resultado do nosso beijo.
Não sei se por vergonha ou por falta de coragem nunca falamos sobre isso mas também não nos desgrudamos mais, né? Tudo que fazíamos era juntos: passear, estudar, caminhar, assistir a filmes e escutar música (só as quais eu gostava, é claro). Acho que você fazia de tudo para me agradar, e eu adorava isso. Você me entendia direitinho, você sabia de tudo que eu precisava. Eu não ficava atrás, né? Inventava mil piadas (sem graça) para tentar te animar quando você estava emburrado. E naquele domingo, depois do almoço, que deitamos na rede e eu acabei dormindo nos seus braços? Eu me sentia tão protegida abraçada a você, aquecida com seu calor. Será que ninguém percebia o nosso romance? O nosso puro amor.
E em um dia ensolarado você me deixou. Foi para um lugar onde não posso te visitar. Forte, fria, não sei, não chorei ao saber que você tinha virado estrela. Sei que você é a estrela mais linda no céu, sei que, independentemente de onde você esteja, você não me esqueceu, ainda está comigo, meu anjo. Mas eu sinto a sua falta, rir das nossa caras e bocas, de compartilhar nossos segredos, de ver o sol se pôr. A chuva acabou. A música parou. E eu ainda estou viajando no tempo, nas lembranças.  Queria ter te dado mais um abraço, mais um beijo, de ter me despedido. Bem, já está tarde, é melhor eu ir dormir (talvez você apareça no meu sonho). Sabe, ainda tenho dificuldade de acordar cedo, como antes. Espero que esteja tudo bem aí. E não fique preocupado porque aqui está tudo tranquilo comigo e com a minha família.
(como eu queria que você me respondesse)
Com muito amor e muita saudade,
Alice Calhabel.






sábado, 3 de março de 2012

Paixão

Como vou saber se é amor ou paixão
se nunca tive essa doença do coração?
Como vou saber como é a luz que me guia
se você não me permite ver o seu olhar?
Como vou poder sonhar sendo que
quando quero te escutar você quer se calar?
O que eu faço quando quero te observar
e você quer viajar?
Não há respostas que você me dê
que acabará com as minhas perguntas.
Como você conseguiu me conquistar?
Eu que sempre fui tão eu.
Eu que prometi não me entregar.
Agora só quero te ganhar.
Será que vou ter coragem de te contar?
Será que um dia você vai me olhar?