Outro dia, estava tomando café com a minha mãe e percebi algo extraordinário: eu estava tomando CAFÉ! Saborear essa bebida sempre foi algo comum -tradicional até- na minha família e quando eu era menor não entendia porque os adultos tomavam aquilo. Talvez de forma preconceituosa mas vamos combinar um líquido preto e amargo não atrai em nada uma criança. Ainda assim, eu insistia em exprimentar, enchia a xícara e depois quereria parar no primeiro gole. Quantas xícaras de café desperdicei...
Outro fato que me surpreendeu foi durante minha saga para matar a fome. Nunca tive problema em comer cebola entretanto ela fazia eu derramar lágrimas e lágrimas. E algo mágico aconteceu hoje- ou eu percebi hoje- meu olho nem se quer ardeu enquanto cortava a danada da cebola. Recordei, mais uma vez, quando era menor, eu achava incrível as pessoas grandes não chorarem cortando cebola. Eu acreditava que era por isso que ela era tão saborosa porque nós tínhamos que chorar para conquistá-la, não podíamos desistir se não a comida não seria tão saborosa. Pois é, será que agora a cebola vai ter o mesmo gosto?
Confesso que não é a primeira vez que passo por isso, o gosto da cerveja também mudou ao longo do tempo, o meu gosto para roupa e música idem. E a conclusão que eu chego é que já não somos mais o mesmos, é inevitável essa mudança. O café já não é tão amargo porque descobri que na vida há coisas ainda mais amargas mas nada que um pouquinho de açúcar não ajude a digeri-las. A cebola me mostrou que estou mais forte, não é qualquer coisa que me faz derramar minhas preciosas lágrimas. Crescer pode ser muito complicado, a gente apanha muito da vida e também batemos muito nela, insistimos, julgamos, desentendemos, deixamos de falar ou falamos demais. Quando as coisas estiverem muito difíceis te dou uma dica: faça um bolo, lambuze-se com a 'rapa' da massa do bolo ou se estiver sem tempo tome um delicioso Starbucks, o efeito será o mesmo!