Ele se encantou pela simplicidade dela. Tão natural como um sol. Um bagunçado, harmonioso. Uma menina. Lembrou das brincadeiras na rua, poderia apostar que em qualquer instante ela ficaria descalça, dobraria o jeans e brincaria como se nunca tivesse crescido.
No outro dia, ela acordou romântica. Repetiu a sapatilha do dia anterior porém escolheu um vestido. No rosto, passou um rímel e batom cor de rosa. Permitiu que seus cachos descessem pelas costas, totalmente livres.
Ele, novamente, ficou hipnotizado. Ela estava parecendo uma flor de tão delicada. Lembrou do último ano na escola. Ela passou o ano mandando cartas de amor para o namoradinho. Não ele, o bonitinho da sala. Na formatura, ficou indecisa entre o vestido curto e o longo.
Naquela tarde, calorenta, ela fez um coque mas alguns fios rebeldes quiseram contrariá-la. Tudo estava errado, diria o lápis que dançava em seus lábios e amargava algumas mordidas.
Ele parecia um satélite em volta de um planeta. Só tinha atenção para ela, que sensualizava sem perceber.
Os meses se passaram e o inverno chegou. Ela estava impecável com sua combinação bota, meia-calça, sobretudo e cachecol preto. O contraste ficou perfeito com a boca vermelha e o cabelo mel liso.
Apesar da baixa temperatura, ele não sentia frio. Os lábios dela imanavam calor. E ele ficou imaginando se algum dia ele poderia tocá-los...
Hoje, ela estava "naturalmente arrumada". Uma tiara enfeitava seus cabelos, que tentava imitar as ondas do mar. Estava com uma única rosa vermelha na mão. O vestido branco, leve, parecia flutuar em seu corpo delgado.
Ele a esperava. Com o tradicional terno. Tinha uma certeza: ele a amava. Havia se apaixonado várias vezes. Mentira. Havia se apaixonado pela mesma mulher várias vezes. E isso o fazia único. Feliz.