Tanto tempo que não escrevo que nem
sei como faz mais. Para postar no instagram então com a cara lavada dá até
apreensão. Apreensão que só não é maior que a minha indignação e vontade de
colocar para fora o que eu penso.
Durante uma reunião de Comissão
da OAB, falaram um dado que eu desconhecia: Goiás é o segundo pior estado do
país para ser mulher. É óbvio que vivendo aqui eu sinto isso na pele, não
preciso de nenhum número para provar o quão difícil é ser uma mulher goiana.
E a pressão aqui começa muito
cedo (só tenho como falar da minha experiência), é o comprimento do cabelo, da
roupa, o jeito de falar e de se comportar, o que se pode gostar, o que se pode
estudar...e com o tempo só piora.
Não adianta o quanto uma mulher
se qualifique, não adianta o quanto se imponha, não adianta o tempo que se dedique a algo, o velho ainda vai ganhar mais
que você, mesmo que você tenha mais experiência. O moço vai chegar depois e vai
ganhar mais porque ele é um moço. Só vão te pagar quando seu sócio homem cobrar.
Fora os inúmeros relatos de todos os tipos de violência naturalizados que já
escutei no meu escritório.
O prefeito da capital de Goiás é
um homem, o governador é um homem, os senadores são homens, para todo lado que
olho nesse estado só vejo homens no poder e com poder.
Há de se pensar que é “normal” em
um estado dominado pelo agro mas a esquerda aqui também reproduz e perpetua
essa opressão.
Se a mulher goiana não for frágil,
vulnerável e passiva, ela não serve porque é “incrível demais”. Somos maioria
mas ainda somos silenciadas. Ninguém deveria ter que se diminuir para caber nessa sociedade retrógada.
Tem dias que cansa e eu só quero ser
um peixinho e continuar a nadar. Mas outros que eu acordo como hoje, querendo
mudar tudo por conta própria.
SER MULHER É UM ATO POLÍTICO!
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